Um man como eu, quando vive sozinho, desenvolve técnicas de sobrevivência básicas. Algumas delas, se bem aplicadas, permitem satisfazer várias necessidades ao mesmo tempo. Cozinhar, por exemplo. Ainda não chegaram lá, pois não? Então cá vai, mais uma dica para serem felizes, patrocinada pelo vosso Zé Tó.
Como qualquer man que se preze, odeio cozinhar. Essa rabetice moderna de meter um gajo de avental à volta das panelas, é cena que comigo não pega. Mesmo assim, aprendi a cozinhar. Cozinho divinalmente bem. É isso mesmo, leram bem. Três pratos. Sempre os mesmos três pratos. Mas são de se ficarem a babar por mais. Acrescento que também faço duas sobremesas deliciosas. Apenas duas. Sempre as mesmas, pois claro. E porque motivo me terei eu esmerado a aprender com tanto requinte a fazer estes pitéus? Bom, numa única palavra: beibys!
Algures no lai lai lai da conversa, descubro o momento ideal para lançar o isco: “já te tinha dito que sou um excelente cozinheiro?”. Elas sorriem, meio incrédulas, mandam a sua boquinha, mas acabam todas por cair que nem moscas na sopa, mais lai lai lai, menos lai lai lai.
Muita atenção: não se podem especializar em três quaisquer pratos. Não vão convidar uma beiby para comer um ovo a cavalo com arroz e batatas fritas, ok? Tem de ser umas cenas com estilo, refinadas, cheias de nove horas. Não vos vou revelar os meus três pratos, mas sempre vos digo isto: um de peixe, um de carne e uma massa. Para todos os gostos, capice? E, importantíssimo, também para todos os vinhos. Há beibys e beibys, tenham isso em atenção. É essencial saberem o que elas gostam de beber. Um bom copo à refeição ajuda imenso à sobremesa, if you know what i mean. Se elas forem de um bom tinto, espetem-lhes com a carne ou a massa, se estiverem numa de verde bem geladinho, o meu peixinho não falha. Podem sempre optar por um rosé ou um lambrusco, especialmente se se debaterem com uma daquelas beibys que têm a mania que não bebem (“experimenta só um bocadinho disto, se não gostares não insisto”, com o vosso melhor sorriso, tão a ver a cena?). As sobremesas também têm a sua ciência. Eu faço uma bem light e outra com chocolate quente derretido e mais umas cenas. Dependendo da pinta da beiby, afinfo-lhe uma ou outra. Normalmente, as magrinhas levam com a light e as de mamas grandes levam com a de chocolate. No menu elas é que mandam, o segredo é saber adaptar, adivinhar o que a beiby mais gosta de meter à boca. É claro que poderia ir alterando os pratos e as sobremesas, mas prefiro ir alterando as beibys, dá bem menos trabalho.
Quando convidarem uma beiby para jantar, lembrem-se de pequenos grandes pormenores. Por exemplo, se combinarem às oito, é certo que ela só chega às oito e um quarto. Nessa altura, devem ter o jantar adiantado, mas não pronto. O ideal é faltarem uns vinte a trinta minutos, o tempo para servir dois copos e quebrar o gelo, com um pouco de lai lai lai boa onda. Não esquecer que, quando ela tocar à campainha, devem estar prontos para abrir a porta já vestidos para matar, banho tomado e a cheirar bem. Com o café, há que oferecer sempre qualquer coisa com classe. Uma ginginha, um bom porto. Algo leve e doce, Ambrósio.
Volto a referir: odeio cozinhar. Mas faço-o sempre com muito carinho. Admito que pode ser um acto extremamente social, um bom prato, bem regado, induz e estimula o convívio entre as pessoas. Se eu consegui aprender a fazer uns pratos maravilhosos, qualquer um consegue. Sigam o conselho cá do Zé Tó: Deixem de ser preguiçosos. Aprendam a cozinhar. Agora até é fashion, uma beiby excita-se toda a ouvir um man a trocar receitas e a falar de molhos e temperos. Apliquem-se na cozinha. Especializem-se em meia dúzia de pratos e sobremesas. Depois é só ensaiar a deixa “já te tinha dito que sou um excelente cozinheiro?”. Bom apetite!