terça-feira, 19 de junho de 2012

Já te tinha dito que sou um excelente cozinheiro?


            Um man como eu, quando vive sozinho, desenvolve técnicas de sobrevivência básicas. Algumas delas, se bem aplicadas, permitem satisfazer várias necessidades ao mesmo tempo. Cozinhar, por exemplo. Ainda não chegaram lá, pois não? Então cá vai, mais uma dica para serem felizes, patrocinada pelo vosso Zé Tó.
            Como qualquer man que se preze, odeio cozinhar. Essa rabetice moderna de meter um gajo de avental à volta das panelas, é cena que comigo não pega. Mesmo assim, aprendi a cozinhar. Cozinho divinalmente bem. É isso mesmo, leram bem. Três pratos. Sempre os mesmos três pratos. Mas são de se ficarem a babar por mais. Acrescento que também faço duas sobremesas deliciosas. Apenas duas. Sempre as mesmas, pois claro. E porque motivo me terei eu esmerado a aprender com tanto requinte a fazer estes pitéus? Bom, numa única palavra: beibys!
            Algures no lai lai lai da conversa, descubro o momento ideal para lançar o isco: “já te tinha dito que sou um excelente cozinheiro?”. Elas sorriem, meio incrédulas, mandam a sua boquinha, mas acabam todas por cair que nem moscas na sopa, mais lai lai lai, menos lai lai lai.
            Muita atenção: não se podem especializar em três quaisquer pratos. Não vão convidar uma beiby para comer um ovo a cavalo com arroz e batatas fritas, ok? Tem de ser umas cenas com estilo, refinadas, cheias de nove horas. Não vos vou revelar os meus três pratos, mas sempre vos digo isto: um de peixe, um de carne e uma massa. Para todos os gostos, capice?  E, importantíssimo, também para todos os vinhos. Há beibys e beibys, tenham isso em atenção. É essencial saberem o que elas gostam de beber. Um bom copo à refeição ajuda imenso à sobremesa, if you know what i mean. Se elas forem de um bom tinto, espetem-lhes com a carne ou a massa, se estiverem numa de verde bem geladinho, o meu peixinho não falha. Podem sempre optar por um rosé ou um lambrusco, especialmente se se debaterem com uma daquelas beibys que têm a mania que não bebem (“experimenta só um bocadinho disto, se não gostares não insisto”, com o vosso melhor sorriso, tão a ver a cena?). As sobremesas também têm a sua ciência. Eu faço uma bem light e outra com chocolate quente derretido e mais umas cenas. Dependendo da pinta da beiby, afinfo-lhe uma ou outra. Normalmente, as magrinhas levam com a light e as de mamas grandes levam com a de chocolate. No menu elas é que mandam, o segredo é saber adaptar, adivinhar o que a beiby mais gosta de meter à boca. É claro que poderia ir alterando os pratos e as sobremesas, mas prefiro ir alterando as beibys, dá bem menos trabalho.
            Quando convidarem uma beiby para jantar, lembrem-se de pequenos grandes pormenores. Por exemplo, se combinarem às oito, é certo que ela só chega às oito e um quarto. Nessa altura, devem ter o jantar adiantado, mas não pronto. O ideal é faltarem uns vinte a trinta minutos, o tempo para servir dois copos e quebrar o gelo, com um pouco de lai lai lai boa onda. Não esquecer que, quando ela tocar à campainha, devem estar prontos para abrir a porta já vestidos para matar, banho tomado e a cheirar bem. Com o café, há que oferecer sempre qualquer coisa com classe. Uma ginginha, um bom porto. Algo leve e doce, Ambrósio.
            Volto a referir: odeio cozinhar. Mas faço-o sempre com muito carinho. Admito que pode ser um acto extremamente social, um bom prato, bem regado, induz e estimula o convívio entre as pessoas. Se eu consegui aprender a fazer uns pratos maravilhosos, qualquer um consegue. Sigam o conselho cá do Zé Tó: Deixem de ser preguiçosos. Aprendam a cozinhar. Agora até é fashion, uma beiby excita-se toda a ouvir um man a trocar receitas e a falar de molhos e temperos. Apliquem-se na cozinha. Especializem-se em meia dúzia de pratos e sobremesas. Depois é só ensaiar a deixa “já te tinha dito que sou um excelente cozinheiro?”. Bom apetite!

terça-feira, 5 de junho de 2012

o intrincado processo de comprar roupa, quando se é solteiro e bom rapaz

            Um destes dias fui comprar trapos. Andava a precisar de renovar o meu guarda-roupa. Sabem como é, um corpinho assim de suspirar por mais, convém andar sempre bem embrulhado, para a qualquer momento poder ser oferecido de presente a uma beiby que mereça.
            Vou-vos descrever o processo, passo a passo, a ver se aprendem alguma coisinha aqui com o Zé Tó.
            Em primeiro lugar, dou um giro pelas 2 ou 3 lojas do costume. Talvez seja um conceito de difícil compreensão para a comum das beibys, mas gajo que é gajo entra no máximo em 2 ou 3 lojas, que são sempre as mesmas. Dou uma olhada nos trapos e outra nas garinas que lá trabalham. Fica o trabalho de casa feito.
            A seguir, vem o passo essencial: correr a lista telefónica do telelé e escolher a beiby certa. Tem necessariamente de obedecer a certos requisitos. O principal é nunca ter dado umas voltas aqui com o mocinho. O segundo requisito é demonstrar uma inequívoca vontade para o fazer. Geralmente a minha escolha recai sobre uma indígena que conheci há pouco tempo, e a quem já espalhei uma boa dose de charme, de maneira a que sorria quando vir o meu número no visor. É uma táctica um pouco à imagem daqueles cãezinhos que mijam nas cenas para marcar território. Nada como as deixar a pensar em nós.
            Em bom rigor, o meu intrincado processo de comprar roupa começa muitas vezes aqui, quando conheço uma beiby que se rende aos naturais encantos cá do menino: antes do óbvio passo seguinte, penso sempre se preciso de comprar roupa. O óbvio passo seguinte, claro estar, só pode ser ligar-lhe para tomar um café.
            Quando a tenho à minha frente, sentadinha toda contente, a cheirar bem e nervoso miudinho por dentro, desenrolo o meu melhor lai lai lai, coisa e tal, lai lai lai. Esbanjo charme à doida, como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Dou a entender que tenho de bazar da praia, e nessa altura afinfo-lhe com a frase fatal: “tenho que ir comprar uns trapitos, mas detesto ir sozinho, não tenho paciência e gosto sempre de ter uma opinião”. Nunca falha.
            O próximo passo é garantido. Lá estamos nós, a cumprir o objectivo, dentro de uma loja a revirar os trapos e a sorrir um ao outro, com os dentes todos. Que melhor forma de comprar roupa pode um men querer, do que com uma beiby apaixonada de fresco por nós? Vai ser sincera, vai até querer dar a sua opinião, vai ter uma paciência infinita e, o mais importante de tudo, vai ter toda a atenção aos pormenores: “esse casaco fica-te largo nos ombros, as calças são giras mas apertam muito aí nos coisos, essa camisa não sei o quê, esse padrão não sei quantos, isso vai bem com aquilo, também podes usar com aqueloutro”. Como se não bastasse, ainda te diz quando algum trapo é muito caro e sabe sempre onde encontras um quase igual bem mais em conta.
            Um par de horas depois, saio da última loja, carregadinho de sacos, aviado de trapos por uns bons tempos, tendo ainda poupado uns trocos valentes. Ao meu lado, uma beiby com um sorriso feliz. Só me resta o último ponto: agradecer-lhe imenso e dizer-lhe que o mínimo que posso fazer é convidá-la para jantar fora. Nessas alturas, tenho sempre uma ideia repentina: “já sei, e se fossemos jantar a minha casa? Olha que eu sou um cozinheiro de mão cheia (mais sobre isto noutra ocasião, prometo)!”. O resto, mais lai lai lai menos lai lai lai, só acaba na sobremesa.