"O dia estava primaveril, escolhi uma esplanada estratégica, sentei-me a uma mesa e pedi uma imperial. Fiquei por ali, perdido em pensamentos, a ver o gado desfilar. Para meu agrado, confirmei mais uma vez que se mantinha a moda dos mini calções de ganga. É uma moda que aprecio bastante e que, acima de tudo, considero uma moda honesta. Mostra a realidade tal e qual ela é, mais celulite menos celulite, está tudo à vista, queres ou não queres, gostas o...u não gostas, é o que é e quem dá o que tem a mais não é obrigado. Nada que se compare com esses soutiens do demónio, que voltam a meter no sítio mamas que há muito perderam a luta contra a gravidade, ou enchem o que sempre teve falta de ar. E o que dizer daqueles pares de calças que nos prometem rabos rijos e empinados e que, assim que caiem no chão, nos revelam misérias atrozes?
Fiquei um bom tempo a ser feliz naquela esplanada. Que magnífica e variada colecção de fêmeas passava diante dos meus olhos! Que coisa tão bela pode ser esta vida, quando há mulheres bonitas por perto. Havia-as de todas as idades, cores, credos e tamanhos. As minhas favoritas eram as loiras branquinhas, de corpos magros, vestidos leves, olhos claros, muito bonitas, que passavam em grupos de duas ou três, a falar em línguas incompreensíveis. Só comi uma, em toda a minha vida. Tenho de viajar mais."
sábado, 28 de julho de 2018
Clítoris: lambidela 12
"Despedi-me nesse mesmo dia. Fiz as contas com o merdoso do meu patrão, poupei-lhe umas massas a troco de me libertar imediatamente. Telefonei à Filó a dizer que podia começar dali a quinze dias e passei duas semanas sem fazer a ponta de um corno que não fosse comer bem, beber melhor e pinar o mais que conseguisse, o que, como é óbvio, não podia incluir apenas a Xana. Quando lhe dei a novidade do meu novo emprego, reagiu como se tivesse sido uma gran...de conquista minha.
- Parabéns Zé Tó, eu sabia que ias conseguir. A Filó ficou muito bem impressionada contigo.
Fomos jantar fora. Fez questão de pagar ela e eu há muito que aprendi que se deve fazer as vontades a uma mulher. Não lhe disse, por não ter visto necessidade em o fazer, que tinha duas semanas de boa vida pela frente.
Logo no dia seguinte a ter deixado de vez aquele armazém tenebroso de má morte, com um cheque catita no bolso para depositar, decidi tomar um tardio pequeno-almoço na Doçuras, a pastelaria em frente ao meu prédio. Sentei-me na esplanada, o tempo estava convidativo. Um minuto depois veio à minha mesa a nova miúda que lá trabalhava e cuja existência já se me tinha varrido da memória. Sandra, Sónia, Sílvia? A fugir para o baixinho, um pouco roliça, vulgar cabelo castanho, comprido e ondulado, mãos cheias de anéis, um pássaro de asas abertas tatuado no pulso direito e um enjoativo ar de bem com a vida. Uma sopeira, a chamada queca fácil, para quem estiver disposto a descer àquele nível de inteligência emocional. Mas tinha um aparelho nos dentes, que mudava por completo aquele quadro dantesco. Nunca tinha pinado com uma tipa com aparelho e aquele sorriso que ela esbanjava a torto e a direito puxava-me pela líbido.
- Bom dia!
Decidi ali na hora que a queria, assim que me sorriu aquele bom dia. Aquela boquinha com aqueles dois dentinhos de coelho e aquele aparelho do demónio a toda a largura tinha de ser apresentada ao Onofre.
- Bom dia para a coisa mais doce da Doçuras – arrisquei, entrando logo a matar – uma torrada, uma meia de leite e outro sorriso bonito desses, por favor.
- Ai tão simpático que ele está hoje!
- É de estar de férias. E de não vir cá há alguns dias e as saudades apertarem.
Soltou um risinho idiota e voltou para dentro da pastelaria. Segundos depois alguém a chamou pelo nome. Susana. Estava desfeito o mistério.
Regressou com o meu pedido e enquanto o deixava na mesa, tomou ela a iniciativa:
- Ai de férias, quem me dera…
Senti que estava no papo. Olhei de relance para aqueles dedos pequenos e gordos, não cheguei a perceber se algum daqueles anéis indiciava namorado, mas desde quando isso me importava?
- Duas semaninhas – atirei – Hei-de vir cá todos os dias para te ver, Susaninha do meu coração, e não descanso enquanto não formos beber um copo.
- Isso é um convite? Cuidado, que ainda aceito."
- Parabéns Zé Tó, eu sabia que ias conseguir. A Filó ficou muito bem impressionada contigo.
Fomos jantar fora. Fez questão de pagar ela e eu há muito que aprendi que se deve fazer as vontades a uma mulher. Não lhe disse, por não ter visto necessidade em o fazer, que tinha duas semanas de boa vida pela frente.
Logo no dia seguinte a ter deixado de vez aquele armazém tenebroso de má morte, com um cheque catita no bolso para depositar, decidi tomar um tardio pequeno-almoço na Doçuras, a pastelaria em frente ao meu prédio. Sentei-me na esplanada, o tempo estava convidativo. Um minuto depois veio à minha mesa a nova miúda que lá trabalhava e cuja existência já se me tinha varrido da memória. Sandra, Sónia, Sílvia? A fugir para o baixinho, um pouco roliça, vulgar cabelo castanho, comprido e ondulado, mãos cheias de anéis, um pássaro de asas abertas tatuado no pulso direito e um enjoativo ar de bem com a vida. Uma sopeira, a chamada queca fácil, para quem estiver disposto a descer àquele nível de inteligência emocional. Mas tinha um aparelho nos dentes, que mudava por completo aquele quadro dantesco. Nunca tinha pinado com uma tipa com aparelho e aquele sorriso que ela esbanjava a torto e a direito puxava-me pela líbido.
- Bom dia!
Decidi ali na hora que a queria, assim que me sorriu aquele bom dia. Aquela boquinha com aqueles dois dentinhos de coelho e aquele aparelho do demónio a toda a largura tinha de ser apresentada ao Onofre.
- Bom dia para a coisa mais doce da Doçuras – arrisquei, entrando logo a matar – uma torrada, uma meia de leite e outro sorriso bonito desses, por favor.
- Ai tão simpático que ele está hoje!
- É de estar de férias. E de não vir cá há alguns dias e as saudades apertarem.
Soltou um risinho idiota e voltou para dentro da pastelaria. Segundos depois alguém a chamou pelo nome. Susana. Estava desfeito o mistério.
Regressou com o meu pedido e enquanto o deixava na mesa, tomou ela a iniciativa:
- Ai de férias, quem me dera…
Senti que estava no papo. Olhei de relance para aqueles dedos pequenos e gordos, não cheguei a perceber se algum daqueles anéis indiciava namorado, mas desde quando isso me importava?
- Duas semaninhas – atirei – Hei-de vir cá todos os dias para te ver, Susaninha do meu coração, e não descanso enquanto não formos beber um copo.
- Isso é um convite? Cuidado, que ainda aceito."
Clítoris: lambidela 11
" Nas semanas seguintes ao tricampeonato as coisas precipitaram-se um bocado. Dois acontecimentos dignos de nota: comecei a trabalhar no hipermercado da Filó e o Vidrinhos começou a namorar com a Rute. Ou a foder, pelo menos. Nem sei por onde comece. Moeda ao ar? Cara para a Filó, coroa para os pombinhos.
Coroa.
(Juro que atirei mesmo a porra da moeda ao ar!) ...
Bom, os pombinhos. Não sei que raio aconteceu. A verdade é que inventei uma Rute ao Vidrinhos e a ela pintei um Vidrinhos que criei na minha imaginação. Uma bela noite, apresentei-os num bar com música demasiado alta, estávamos com mais pessoas e fui à minha vidinha, deixei-os a trocar sorrisinhos idiotas e frases feitas. Não comi nenhum bacalhau, mas lembro-me de levar um par de estalos dos bons. Nem sempre se ganha, paciência. Uma das minhas regras de ouro é não misturar álcool com bajaina, pelo menos não em demasia. O chamado love and piss. Naquela noite estava escrito nas estrelas que não ia sobrar nenhuma aqui para o menino, pelo que decidi equilibrar a coisa com uns copos a mais. Estava tão podre de bêbado que quando vi aqueles dois num canto do bar na marmelada, desatei a rir às gargalhadas.
- Zé Tó, és uma puta duma velha alcoviteira – gritei para mim mesmo – Se te esforçasses o suficiente, podias trazer a paz ao mundo.
Meia hora depois, o Vidrinhos, todo ele sorrisos, depositou-me uma nota de dez euros na mão, dizendo:
- É para o táxi, meu velho, prometo que vais ser o padrinho de casamento.
- Menos de três é para meninos, Vidrinhos, não me deixes ficar mal.
Olhei para a nota e decidi que ficaríamos ambos mais felizes se a bebesse. Foi o que fiz, assim que consegui cravar boleia a alguém que tinha vindo com alguém e ia para os meus lados. Várias imperiais depois, dei comigo à porta do meu prédio. Estava perdido de bêbado, mas ainda lúcido o suficiente para não tocar à campainha da minha vizinha milf às quatro da manhã. Dois minutos depois, já eu dormia que nem um leão.
Os pombinhos foderam na noite em que se conheceram. Se isso não é amor, não sei o que o será. Tive direito a ouvir o relato, ao melhor estilo jogo de futebol, embora em diferido: tanto a Rute como o Vidrinhos me ligaram. Eu tivera o cuidado de dizer à Rute para, acontecesse o que acontecesse, jamais dizer ao Vidrinhos que nós dois já tínhamos pinado para o mundial. Seria o nosso pequeno segredo para o resto das nossas vidas, amén. Ele foi o primeiro a ligar, logo no dia seguinte:
- Zé Tó, a gaja é louca, meu. Bebe por três e fode por um batalhão de bombeiros. Sou bem capaz de me apaixonar, se não vires nenhum inconveniente.
Pouco tempo depois, parecia que tinham combinado, ligou ela:
- Garanhão, o moço safa-se. Vou pô-lo a treinar à experiência. Vou tentar não lhe partir o coração. O mesmo para o pénis."
Coroa.
(Juro que atirei mesmo a porra da moeda ao ar!) ...
Bom, os pombinhos. Não sei que raio aconteceu. A verdade é que inventei uma Rute ao Vidrinhos e a ela pintei um Vidrinhos que criei na minha imaginação. Uma bela noite, apresentei-os num bar com música demasiado alta, estávamos com mais pessoas e fui à minha vidinha, deixei-os a trocar sorrisinhos idiotas e frases feitas. Não comi nenhum bacalhau, mas lembro-me de levar um par de estalos dos bons. Nem sempre se ganha, paciência. Uma das minhas regras de ouro é não misturar álcool com bajaina, pelo menos não em demasia. O chamado love and piss. Naquela noite estava escrito nas estrelas que não ia sobrar nenhuma aqui para o menino, pelo que decidi equilibrar a coisa com uns copos a mais. Estava tão podre de bêbado que quando vi aqueles dois num canto do bar na marmelada, desatei a rir às gargalhadas.
- Zé Tó, és uma puta duma velha alcoviteira – gritei para mim mesmo – Se te esforçasses o suficiente, podias trazer a paz ao mundo.
Meia hora depois, o Vidrinhos, todo ele sorrisos, depositou-me uma nota de dez euros na mão, dizendo:
- É para o táxi, meu velho, prometo que vais ser o padrinho de casamento.
- Menos de três é para meninos, Vidrinhos, não me deixes ficar mal.
Olhei para a nota e decidi que ficaríamos ambos mais felizes se a bebesse. Foi o que fiz, assim que consegui cravar boleia a alguém que tinha vindo com alguém e ia para os meus lados. Várias imperiais depois, dei comigo à porta do meu prédio. Estava perdido de bêbado, mas ainda lúcido o suficiente para não tocar à campainha da minha vizinha milf às quatro da manhã. Dois minutos depois, já eu dormia que nem um leão.
Os pombinhos foderam na noite em que se conheceram. Se isso não é amor, não sei o que o será. Tive direito a ouvir o relato, ao melhor estilo jogo de futebol, embora em diferido: tanto a Rute como o Vidrinhos me ligaram. Eu tivera o cuidado de dizer à Rute para, acontecesse o que acontecesse, jamais dizer ao Vidrinhos que nós dois já tínhamos pinado para o mundial. Seria o nosso pequeno segredo para o resto das nossas vidas, amén. Ele foi o primeiro a ligar, logo no dia seguinte:
- Zé Tó, a gaja é louca, meu. Bebe por três e fode por um batalhão de bombeiros. Sou bem capaz de me apaixonar, se não vires nenhum inconveniente.
Pouco tempo depois, parecia que tinham combinado, ligou ela:
- Garanhão, o moço safa-se. Vou pô-lo a treinar à experiência. Vou tentar não lhe partir o coração. O mesmo para o pénis."
Clítoris: lambidela 10
"Não sei de onde me veio aquilo, mas foi uma ideia genial. No fundo, tratou-se apenas de somar dois mais dois, ou melhor, três mais um. Para mim, para o Diogo e para o André, é uma tradição de adolescência rumar à catedral em dia de jogo. Juntar o Vidrinhos à pandilha foi o passo natural. Quatro benfiquistas doentes, que comungam ainda a paixão por bajaina e copos, é uma conjugação cósmica fortíssima. As apresentações foram feitas a uma mesa de uma e...splanada, com quatro loiras bem geladas pelo meio.
O Diogo foi o primeiro a aparecer, equipado a rigor com a camisola daquela época. Continua tal e qual era no liceu, aposto que nem mudou a marca do gel com que empasta o cabelo. A fugir para o alto, um palito humano, feio que nem um bode e, tal como eu, fervoroso devoto de Santa Vagina. É professor de música em várias escolas, toca uns três ou quatro instrumentos diferentes, um verdadeiro animal musical.
- Então pá, tens tocado muito?
- Agora também fodo, Zé Tó, já te conto tudo.
Enquanto o gajo me ia desfiando uma história meio sem sal de uma contabilista que tinha caído na música dele ia para quase um mês, chegou o André. A cada semana que passa tem menos cabelo, quando chegar aos trinta vai estar careca e vai ter de passar o resto da vida a rapar a cabeça. É o mais baixo do grupo e já tem um começo de barriga. Namora desde que o conheço, mas nunca mais de meio ano com cada gaja. Só pode ser aquele fantástico sentido de humor dele. Deve ser verdade que elas adoram um gajo que as faça rir. Como é que um tipo destes acabou como engenheiro informático?
- Novidades, bebés? Contem-me as mentiras agora e as verdades só quando estiver bêbado.
- Chegaste mesmo na hora certa, André sempre em pé, é a tua vez de pagar uma rodada.
O último foi o Vidrinhos e fodeu-se, a rodada dele foi para quatro. E o último a aparecer paga duas seguidas. São as regras da casa. Duas horas depois estávamos completamente bêbados a declamar os anúncios de sexo no correio da manhã, como se de épicos poemas se tratasse:
O Diogo foi o primeiro a aparecer, equipado a rigor com a camisola daquela época. Continua tal e qual era no liceu, aposto que nem mudou a marca do gel com que empasta o cabelo. A fugir para o alto, um palito humano, feio que nem um bode e, tal como eu, fervoroso devoto de Santa Vagina. É professor de música em várias escolas, toca uns três ou quatro instrumentos diferentes, um verdadeiro animal musical.
- Então pá, tens tocado muito?
- Agora também fodo, Zé Tó, já te conto tudo.
Enquanto o gajo me ia desfiando uma história meio sem sal de uma contabilista que tinha caído na música dele ia para quase um mês, chegou o André. A cada semana que passa tem menos cabelo, quando chegar aos trinta vai estar careca e vai ter de passar o resto da vida a rapar a cabeça. É o mais baixo do grupo e já tem um começo de barriga. Namora desde que o conheço, mas nunca mais de meio ano com cada gaja. Só pode ser aquele fantástico sentido de humor dele. Deve ser verdade que elas adoram um gajo que as faça rir. Como é que um tipo destes acabou como engenheiro informático?
- Novidades, bebés? Contem-me as mentiras agora e as verdades só quando estiver bêbado.
- Chegaste mesmo na hora certa, André sempre em pé, é a tua vez de pagar uma rodada.
O último foi o Vidrinhos e fodeu-se, a rodada dele foi para quatro. E o último a aparecer paga duas seguidas. São as regras da casa. Duas horas depois estávamos completamente bêbados a declamar os anúncios de sexo no correio da manhã, como se de épicos poemas se tratasse:
Clítoris: lambidela 9
"Como estava a dizer, passei o dia impaciente para saltar para cima da Rute. Saí do trabalho a correr, direitinho a casa, tomei um longo duche, escolhi uns boxers com o pato Donald, perfumei-me, vesti-me com o esmero possível e enchi os bolsos de preservativos. Voei até casa do Vidrinhos, estava a abusar do gajo e sabia bem disso, mas a tesão que tinha no meio das pernas podia bem mais. Conduzi como um tresloucado até Carcavelos. Cheguei ao prédio del...a dez minutos antes do combinado. Não conheço melhor definição de tesão do que chegar a um encontro com uma bajaina antes da hora combinada. Enviei um sms a dizer que estava à espera cá em baixo e recebi como resposta um curto “sobe”. Em menos de trinta segundos já estava a bater-lhe à porta. Ela veio abrir… em roupa interior.
- Estou a cozinhar, garanhão. Aquilo do restaurante foi para te fazer sofrer, sei bem que andas sempre nas lonas.
- Tinhas medo de chegar à sobremesa com as cuequinhas todas molhadas?
Empurrou-me para a sala. Encheu dois copos de shot com um líquido transparente.
- Queres envenenar-me?
- É para abrir o apetite. Aprendi com um moldavo que era um desastre no minete.
Passou-me um copo para a mão e brindou:
- Tchim! Tchim!
Bebemos de um trago, aquilo queimou-me todo por dentro. Fiquei com os pelos dos braços arrepiados e um gosto horrível na boca. Ela riu-se, encheu novamente os copos e disse, como quem explica um artigo que leu numa revista científica:
- Tem de ser pelo menos dois. Toma, segura no teu. E sabes que mais? Descobri que resulta ainda melhor, para abrir o apetite, se for seguido por um bom broche.
Voltou a brindar, bebeu o segundo novamente de uma vez só e ajoelhou-se à minha frente.
- Vê lá bebé, não deixes queimar o jantar…
- Vens-te nas minhas mamas, ok? Não quero estragar o paladar do maravilhoso guisado que estou a fazer, com esse teu leite de boi cobridor.
Por fim, sentámo-nos a comer, descontraídos. Bom, eu estava o mais descontraído que é humanamente possível estar em frente de uma gaja só com um soutien e um fio dental no corpinho. Valia-me ter meio litro de sémen a menos nos tomates. Ela pedira-me para escolher a primeira garrafa de vinho, ainda eu a estava a abrir quando me transmitiu a táctica:
- Zé Tó, quero embriagar-me devagar, fumar um charro aqui e acolá e foder como se o mundo acabasse amanhã de manhã. Tudo com muita classe."
- Estou a cozinhar, garanhão. Aquilo do restaurante foi para te fazer sofrer, sei bem que andas sempre nas lonas.
- Tinhas medo de chegar à sobremesa com as cuequinhas todas molhadas?
Empurrou-me para a sala. Encheu dois copos de shot com um líquido transparente.
- Queres envenenar-me?
- É para abrir o apetite. Aprendi com um moldavo que era um desastre no minete.
Passou-me um copo para a mão e brindou:
- Tchim! Tchim!
Bebemos de um trago, aquilo queimou-me todo por dentro. Fiquei com os pelos dos braços arrepiados e um gosto horrível na boca. Ela riu-se, encheu novamente os copos e disse, como quem explica um artigo que leu numa revista científica:
- Tem de ser pelo menos dois. Toma, segura no teu. E sabes que mais? Descobri que resulta ainda melhor, para abrir o apetite, se for seguido por um bom broche.
Voltou a brindar, bebeu o segundo novamente de uma vez só e ajoelhou-se à minha frente.
- Vê lá bebé, não deixes queimar o jantar…
- Vens-te nas minhas mamas, ok? Não quero estragar o paladar do maravilhoso guisado que estou a fazer, com esse teu leite de boi cobridor.
Por fim, sentámo-nos a comer, descontraídos. Bom, eu estava o mais descontraído que é humanamente possível estar em frente de uma gaja só com um soutien e um fio dental no corpinho. Valia-me ter meio litro de sémen a menos nos tomates. Ela pedira-me para escolher a primeira garrafa de vinho, ainda eu a estava a abrir quando me transmitiu a táctica:
- Zé Tó, quero embriagar-me devagar, fumar um charro aqui e acolá e foder como se o mundo acabasse amanhã de manhã. Tudo com muita classe."
Clítoris: lambidela 8
" A Salomé é, ainda hoje, o melhor ser humano que conheci. Não sei o que me passou pela cabeça na altura, mas dei o meu melhor para que ela se apaixonasse por mim. A esta distância, julgo que não consegui resistir àquele ar angelical, àqueles modos sempre tão certinhos, aquela aura que ela irradiava, de pura inocência e bondade. Tinha de a levar para a cama, mas estava mais do que visto que a Salomé era daquelas que só fode por amor. Nunca fui tão simpático para uma bajaina em toda a minha triste existência. Chegava a dar pena, as figuras que eu fazia, já nem me reconhecia a mim próprio. A verdade é que resultou. A pobre coitada apaixonou-se mesmo por mim. Não consigo perceber como é que não me tirou logo a pinta, seria assim tão difícil de perceber que eu só lhe queria partir a espinha ao meio em três bocados? Não foi assim tão fácil. Tive a minha dose de sofrimento e exasperação. Só ao fim de umas três semanas de ternos amassos, andava já o pobre do Onofre todo esfolado, é que ela tomou a delicadeza de abrir a perninha. A primeira vez foi no apartamento dela, algures em Massamá. A Salomé acumula, no meu conhecimento de seres humanos, o prémio de melhor coração do mundo com o de pior foda de sempre. Meu deus do céu, como é que uma mulher se consegue transformar num saco de batatas? Quantas constelações têm de se alinhar em perfeita sintonia no universo para ela ser capaz de dizer todas as coisas que não se dizem enquanto se fode? Saiu-me o bilhete premiado, o primeiro prémio da lotaria, só que ao contrário. Foi tão mau que ela nem por um momento se apercebeu. Eu estava incrédulo, tentei de tudo, virei-a por todos os lados, fui meigo, tentei ser bruto, na verdade tentei tudo o que me veio à cabeça. Ao fim de uma hora, desisti. Por mais que jogasse ao ataque, aquele era um jogo destinado a ficar zero a zero. Não iria haver orgasmos naquela noite, para ela seguramente, e eu estava tão desorientado que só me queria ir embora. O pior de tudo foi quando ela perguntou “foi bom para ti?” Tive de me controlar para não explodir, apeteceu-me responder: não, minha grande puta, foi horrível, foi a pior foda da minha vida, foi tão mau que nem consigo classificar o que se passou entre nós como foder! Mas ela tinha aqueles olhos enormes inundados de candura, o seu rosto transparecia um ar ainda mais angélico e parecia realmente feliz. Percebi que ela pensava que eu me tinha vindo. Eu tinha saído de dentro dela, farto e irritado, fechei-me na casa de banho, tirei o preservativo e deitei-o fora. Lembro-me de ter olhado o meu reflexo no espelho, ter passado água pela cara e perguntado a mim mesmo: O que é esta merda que se está aqui a passar, Zé Tó?
Quando saí, fiz menção de me vestir, e foi aí que ouvi aquele “foi bom para ti?” Passada a irritação inicial, percebi tudo e tive um ataque de riso. Respondi-lhe que sim, que tinha sido fantástico e que tinha tido um orgasmo incrível. Ela acreditou, é claro que ela acreditou. Pensei em quantos gajos já a teriam fodido. Poucos, claro está. Todos eles devem ter vivido o mesmo pesadelo que eu. Eu não tinha sido o primeiro e não estava só no mundo, no que dizia respeito a ter ido para a cama com um saco de batatas. Veio-me à cabeça que, na escala dela, talvez eu tivesse sido uma boa foda. Decidi-me a arriscar: “E tu, gostaste? Foi bom?”. Maravilhoso, foi a resposta. Sim, isso mesmo, uma única palavra, uma palavra que soou mágica da forma como a pronunciou: ma-ra-vi-lho-so, assim mesmo, a mastigar as sílabas devagarinho. Não aguentei mais: E conseguiste vir-te? Tiveste algum orgasmo? Ela corou toda e arrependi-me de ter sido tão insensível. Disse-me: Sabes, tenho alguns problemas nesse capítulo, mas foi ma-ra-vi-lho-so.
Não tive coragem para me pôr logo a andar. Abracei-a, brinquei com ela, dei-lhe uns beijos meigos e fiz aquilo durar uma boa meia hora. A seguir corri até ao cais do Sodré e apanhei uma das piores bebedeiras da minha vida. Acabei a noite às 4 da manhã, a ligar para todos os números de putas que vinham nos classificados do jornal. Nenhuma atendeu."
Quando saí, fiz menção de me vestir, e foi aí que ouvi aquele “foi bom para ti?” Passada a irritação inicial, percebi tudo e tive um ataque de riso. Respondi-lhe que sim, que tinha sido fantástico e que tinha tido um orgasmo incrível. Ela acreditou, é claro que ela acreditou. Pensei em quantos gajos já a teriam fodido. Poucos, claro está. Todos eles devem ter vivido o mesmo pesadelo que eu. Eu não tinha sido o primeiro e não estava só no mundo, no que dizia respeito a ter ido para a cama com um saco de batatas. Veio-me à cabeça que, na escala dela, talvez eu tivesse sido uma boa foda. Decidi-me a arriscar: “E tu, gostaste? Foi bom?”. Maravilhoso, foi a resposta. Sim, isso mesmo, uma única palavra, uma palavra que soou mágica da forma como a pronunciou: ma-ra-vi-lho-so, assim mesmo, a mastigar as sílabas devagarinho. Não aguentei mais: E conseguiste vir-te? Tiveste algum orgasmo? Ela corou toda e arrependi-me de ter sido tão insensível. Disse-me: Sabes, tenho alguns problemas nesse capítulo, mas foi ma-ra-vi-lho-so.
Não tive coragem para me pôr logo a andar. Abracei-a, brinquei com ela, dei-lhe uns beijos meigos e fiz aquilo durar uma boa meia hora. A seguir corri até ao cais do Sodré e apanhei uma das piores bebedeiras da minha vida. Acabei a noite às 4 da manhã, a ligar para todos os números de putas que vinham nos classificados do jornal. Nenhuma atendeu."
Clítoris: lambidela 7
"A Salomé era um raio de um bicho especial. Nunca conheci nenhuma pussycat como ela. Olhava para uma pessoa, como quem não a vê. Ouvia o que quer que fosse, por mais escabroso que fosse, com aquela expressão de quem está a pensar em fadas e duendes. Aquela cabeça nunca parecia descer à terra. Tinha um coração bom demais, fazia tudo o que estivesse ao seu alcance pelos outros, fosse por quem fosse. Qualquer filho da puta faria dela o que quisesse. Talv...ez o mais próximo que estive de me apaixonar me tenha acontecido quando conheci a Salomé. Longos cabelos pretos, lisos, com uma franja à Cleópatra, uns lábios sumidos e olhos negros, enormes e assustados. Magra em demasia, quase sem mamas, mas com umas longas e belas pernas e um rabo empinado. Inspirava uma tal ternura que tudo o que mais podíamos desejar era tê-la nos braços e protegê-la. Tomei Salomé como uma missão pessoal. Queria dar-lhe as fodas da vida dela. Queria fazê-la vir-se vezes sem fim, queria que, de alguma maneira, saísse de dentro de si mesma, que se libertasse nem eu sabia bem de quê, mas que pressentia existir algures naquele corpo, aprisionando-lhe os sentidos. Dediquei umas semanas a estudá-la. Fazia de tudo para estarmos juntos. Foi assim que, para meu espanto, entre tantas outras coisas, descobri que era enfermeira.
Uma enfermeira, ao contrário de merda de gaivota, não cai do céu. Para se chegar lá, tem de se estudar. Tem de se escolher estudar aquelas coisas. Fígados. Traqueias. Pâncreas. Pilas. Tibiotársica, seja lá essa porra o que for, nem sei bem como se escreve. Estudam essa bosta toda, sabendo que, mais tarde ou mais cedo, vão ter de meter os velhinhos a fazer xixi e cocó. Vão ter de lhes dar banho. Vão ter de fazer mil e uma coisas a pessoas severamente doentes. Quase mil e uma coisas, corrijo. Quase mil e uma coisas delicadas, que mexem com sentimentos. Que obrigam a lidar com dor e sofrimento todos os dias.
Como é que uma gaja boa decide ser enfermeira? Após me pôr a pensar no assunto, cheguei à seguinte conclusão: ou são burras (talvez estúpidas seja mais adequado) ou são seres humanos carentes, que têm uma grande vontade de ser úteis ao próximo. De o servir. De o acarinhar. São mulheres com uma enorme vontade de se entregarem. Escolheram ser enfermeiras. É justo. Poderiam, pelas mesmíssimas razões, ter sido putas."
Uma enfermeira, ao contrário de merda de gaivota, não cai do céu. Para se chegar lá, tem de se estudar. Tem de se escolher estudar aquelas coisas. Fígados. Traqueias. Pâncreas. Pilas. Tibiotársica, seja lá essa porra o que for, nem sei bem como se escreve. Estudam essa bosta toda, sabendo que, mais tarde ou mais cedo, vão ter de meter os velhinhos a fazer xixi e cocó. Vão ter de lhes dar banho. Vão ter de fazer mil e uma coisas a pessoas severamente doentes. Quase mil e uma coisas, corrijo. Quase mil e uma coisas delicadas, que mexem com sentimentos. Que obrigam a lidar com dor e sofrimento todos os dias.
Como é que uma gaja boa decide ser enfermeira? Após me pôr a pensar no assunto, cheguei à seguinte conclusão: ou são burras (talvez estúpidas seja mais adequado) ou são seres humanos carentes, que têm uma grande vontade de ser úteis ao próximo. De o servir. De o acarinhar. São mulheres com uma enorme vontade de se entregarem. Escolheram ser enfermeiras. É justo. Poderiam, pelas mesmíssimas razões, ter sido putas."
Clítoris: lambidela 6
"Quando me levantei, senti que estava no ponto de rebuçado. Não podia ir para casa sem tentar a sorte. Fui mijar, peguei no telemóvel com a mão livre e gritei-lhe da casa de banho:
- Vidrinhos, diz aí uma letra do abecedário ao calha.
- R, de rata....
Percorri a lista de contactos, letra R. Estava bêbado, não havia como não o admitir. Mas era uma bebedeira controlada e feliz. Passadas umas tantas R qualquer coisa, o visor devolve-me um nome, Rute, que foi como se me estivesse a piscar o olho. Não tive dúvidas, quando me bate um feeling, sigo-o sempre. Liguei-lhe.
- Zé Tó, a quereres dar uma queca a um final de tarde de Domingo?
Sempre gostei da Rute, é bruta que nem uma porta, sem ser bruta que nem uma porta. E fode como uma cadela no cio. Não faço ideia porque raio me fartei dela tão depressa.
- Isso quero sempre, bebé, mas bateu umas saudades tuas ao fim de meia garrafa de whisky e acontece que não estou longe de tua casa.
- Estou com o período, amor da minha vida. Mas acredito na parte da meia garrafa de whisky. Se continuares com saudades minhas na próxima 6ª feira, liga para me levares a jantar fora. Prometo-te que fodemos até de madrugada.
- Adoro esse teu lado romântico, princesa.
- Aposto que já estás de pau feito, garanhão. Promete que vais pensar em mim quando estiveres a bater uma.
- Está prometido. Palavra de escuteiro.
- Não me vais ligar na 6ª, pois não, seu putanheiro?
- Não percas as esperanças, bebé, nunca se sabe.
Desligou. Como é que a humanidade permite que uma tola destas tire o curso de enfermagem? Pior ainda, que exerça a profissão.
- Tiveste sorte, Vidrinhos, um ciclo menstrual poupou-te uma boleia até Carcavelos.
- Fode assim tão bem, para ires quase ao fim do mundo em cuecas?
- Quem dera à tua irmã."
- Vidrinhos, diz aí uma letra do abecedário ao calha.
- R, de rata....
Percorri a lista de contactos, letra R. Estava bêbado, não havia como não o admitir. Mas era uma bebedeira controlada e feliz. Passadas umas tantas R qualquer coisa, o visor devolve-me um nome, Rute, que foi como se me estivesse a piscar o olho. Não tive dúvidas, quando me bate um feeling, sigo-o sempre. Liguei-lhe.
- Zé Tó, a quereres dar uma queca a um final de tarde de Domingo?
Sempre gostei da Rute, é bruta que nem uma porta, sem ser bruta que nem uma porta. E fode como uma cadela no cio. Não faço ideia porque raio me fartei dela tão depressa.
- Isso quero sempre, bebé, mas bateu umas saudades tuas ao fim de meia garrafa de whisky e acontece que não estou longe de tua casa.
- Estou com o período, amor da minha vida. Mas acredito na parte da meia garrafa de whisky. Se continuares com saudades minhas na próxima 6ª feira, liga para me levares a jantar fora. Prometo-te que fodemos até de madrugada.
- Adoro esse teu lado romântico, princesa.
- Aposto que já estás de pau feito, garanhão. Promete que vais pensar em mim quando estiveres a bater uma.
- Está prometido. Palavra de escuteiro.
- Não me vais ligar na 6ª, pois não, seu putanheiro?
- Não percas as esperanças, bebé, nunca se sabe.
Desligou. Como é que a humanidade permite que uma tola destas tire o curso de enfermagem? Pior ainda, que exerça a profissão.
- Tiveste sorte, Vidrinhos, um ciclo menstrual poupou-te uma boleia até Carcavelos.
- Fode assim tão bem, para ires quase ao fim do mundo em cuecas?
- Quem dera à tua irmã."
Clítoris: lambidela 5
"Parei numa bomba e meti gasolina até àquele ponto em que parece que atestei o depósito. Trinta euros com o galheiro. Para uma única queca, a Xana tinha saído cara, mas encarei aquilo como um investimento, ia devolver o carro são e salvo ao Vidrinhos e, dali em diante, o gajo não teria como recusar emprestar-mo, sempre que estivesse em causa fazer alguém feliz. Fiquei a olhar para a nota de dez euros que me queimava nas mãos. Decidi transformá-la numa... garrafa de whisky, para oferecer ao Vidrinhos. Só me passou tal coisa pela cabeça porque sabia que ele não bebe whisky. Uma ideia de génio. Planeei ficar em casa do gajo a embebedar-me e depois cravar-lhe uma boleia para casa. Talvez víssemos um filme, um jogo de futebol ou ficássemos simplesmente a falar de ratas saltitonas.
Apitei ao estacionar debaixo do prédio. Fiz-lhe sinal para que descesse quando enfiou aquela cabecinha de rola pela janela. Queria que ele inspecionasse o bólide, para o deixar sossegado. Dancei as chaves do carro na minha mão, quando chegou a dois metros de mim.
- Novinho em folha, sem vestígios de sémen nem pintelhos marotos e depósito atestado até deitar fora.
- És um bom cristão, Zé Tó.
- E tu também serás, se tiveres coca-cola no frigorífico para misturar com esta beleza.
Passei-lhe a garrafa para as mãos e subimos. O Vidrinhos estava numa de play-station, o que tanto me dava, desde que o whisky me fosse aquecendo o estômago. Preparei duas bebidas, a dele só com um cheirinho e copo até meio de cola, que não se deve desperdiçar com quem bebe a fazer má cara. Ficámos ali, a marcar golos um ao outro com gritos de “chupa, caralho”. A velha e salutar camaradagem masculina. No fim do segundo jogo, fiz menção de reabastecer, mas o totó do Vidrinhos cortou-se:
- És doido varrido, pá, amanhã é dia de trabalho.
- E quê, não podes ir ressacado?"
Apitei ao estacionar debaixo do prédio. Fiz-lhe sinal para que descesse quando enfiou aquela cabecinha de rola pela janela. Queria que ele inspecionasse o bólide, para o deixar sossegado. Dancei as chaves do carro na minha mão, quando chegou a dois metros de mim.
- Novinho em folha, sem vestígios de sémen nem pintelhos marotos e depósito atestado até deitar fora.
- És um bom cristão, Zé Tó.
- E tu também serás, se tiveres coca-cola no frigorífico para misturar com esta beleza.
Passei-lhe a garrafa para as mãos e subimos. O Vidrinhos estava numa de play-station, o que tanto me dava, desde que o whisky me fosse aquecendo o estômago. Preparei duas bebidas, a dele só com um cheirinho e copo até meio de cola, que não se deve desperdiçar com quem bebe a fazer má cara. Ficámos ali, a marcar golos um ao outro com gritos de “chupa, caralho”. A velha e salutar camaradagem masculina. No fim do segundo jogo, fiz menção de reabastecer, mas o totó do Vidrinhos cortou-se:
- És doido varrido, pá, amanhã é dia de trabalho.
- E quê, não podes ir ressacado?"
Clítoris: lambidela 4
"Pouco passava do meio-dia quando acordei. Olhei pela janela, estava um bonito dia de sol. Decidi que tinha direito a um almoço a sério. Tinha o carro do Vidrinhos à disposição, só me restava fazer um telefonema. Procurei o telemóvel e marquei o número.
- Como está a mãe mais maravilhosa do mundo?
- Queres vir cá almoçar, não é, meu mariola? Mexe esse rabo, para não ficarmos todos à tua espera. A tua irmã também vem....
Preparei um Martini para abrir o apetite e meti-me no duche. Vesti-me com o esmero possível, bebi outro para o caminho e dirigi-me para a ponte 25 de Abril. Margem sul, aposto que já morrias de saudades minhas.
Bacalhau no forno com batatas a murro. Sempre fui um gajo de feelings e acertara em cheio. A única chatice era ter de falar com as pessoas. Mal tinha dado a primeira garfada, já o velhote me perguntava de quem era o carro estacionado lá fora. Decidi provocar a plateia:
- É da minha namorada.
- Deve ser muito inconsciente, para to emprestar. Ou isso ou feia que nem um bode.
Ah, o meu querido papá! Sempre a espalhar amor e carinho, o senhor Alfredo. Um tipo baixote, careca, barriga que é um pipo de cerveja, unha do dedo mindinho enorme, sempre com aquelas horríveis camisas aos quadradinhos e a barba feita na perfeição. O rei do sarcasmo. O senhor implicativo, não perde uma oportunidade de deixar bem claro que naquela família sou eu a ovelha negra. Bom, não tinha nada a perder em responder-lhe à letra, pois não?
- Já pinámos mais em duas semanas que tu em todo o século XXI, velhote."
- Como está a mãe mais maravilhosa do mundo?
- Queres vir cá almoçar, não é, meu mariola? Mexe esse rabo, para não ficarmos todos à tua espera. A tua irmã também vem....
Preparei um Martini para abrir o apetite e meti-me no duche. Vesti-me com o esmero possível, bebi outro para o caminho e dirigi-me para a ponte 25 de Abril. Margem sul, aposto que já morrias de saudades minhas.
Bacalhau no forno com batatas a murro. Sempre fui um gajo de feelings e acertara em cheio. A única chatice era ter de falar com as pessoas. Mal tinha dado a primeira garfada, já o velhote me perguntava de quem era o carro estacionado lá fora. Decidi provocar a plateia:
- É da minha namorada.
- Deve ser muito inconsciente, para to emprestar. Ou isso ou feia que nem um bode.
Ah, o meu querido papá! Sempre a espalhar amor e carinho, o senhor Alfredo. Um tipo baixote, careca, barriga que é um pipo de cerveja, unha do dedo mindinho enorme, sempre com aquelas horríveis camisas aos quadradinhos e a barba feita na perfeição. O rei do sarcasmo. O senhor implicativo, não perde uma oportunidade de deixar bem claro que naquela família sou eu a ovelha negra. Bom, não tinha nada a perder em responder-lhe à letra, pois não?
- Já pinámos mais em duas semanas que tu em todo o século XXI, velhote."
Clítoris: lambidela 3
"Combinara com a Xana às 10 da noite. Deu tempo para ver a bola nas calmas. Um tipo não pode estar a comer uma gaja e a pensar em quanto estará o Benfica. É coisa que não se faz, é uma falta de respeito por ambos. Nunca misturo as coisas. Ela vinha novamente com metade das mamas de fora e umas calças bem justas, para ninguém ter de puxar pela imaginação. That’s my girl!"
Clítoris. Lambidela 2
"Como foi que acabara a morar sozinho neste minúsculo barraco? O que me deu para alugar um T1 nos Olivais, onde mal me conseguia espreguiçar? Eu sei a resposta: tesão. Que outra coisa levaria um gajo a sair do bem bom da casa dos papás? A dizer para si mesmo: vais começar 2016 a viver sozinho, meu caro, chega de aturar os velhos. As contas a pagar ao fim do mês colocava...m-me uma grande pressão em cima. Era de um gajo dar em maluco. Vinte e tal anos e a minha maior preocupação era a quantidade de bajainas que conseguia pôr a sorrir para mim. Era a única forma daquela decisão estúpida ter algo de racional. Uns dias antes chegou a conta do gás e a primeira coisa que pensei foi em arrancar as cuequinhas da Xana com os dentes. Não podia falhar.
Acabei a porra das limpezas, tomei um duche e liguei ao Vidrinhos. Precisava de um carro. Prometi a mim mesmo que não mentiria ao gajo. Se ele perguntasse, diria a verdade, mas se ele não o fizesse, o problema não era meu. É claro que eu contava que ele não perguntasse, ninguém pergunta este tipo de merdas. Carta de condução é uma mera burocracia. Conduzo bem melhor do que muita gente que a tem, isso é que verdadeiramente deveria contar, certo?
O Vidrinhos é um gajo porreiro, um tipo às direitas, benfiquista doente. Parece um pau de virar tripas, de tão magrinho e alto. Tem uma penca enorme, dentes tortos e usava uns óculos com umas lentes tão grossas que noutra vida foram o gargalo de uma garrafa de vinho tinto. Tirando isso, safa-se. Conhecera-o há uns meses, numa noite de bebedeira e, na altura da Xana, andava a ajudá-lo com o mulherio. Ele tem um desses empregos em que se morre devagarinho: banca, seguros ou uma bosta parecida. Quando saímos, ainda hoje, é sempre ele a pagar a primeira rodada. E a segunda, grande parte das vezes. Vive sozinho, num apartamento nos Anjos que é o dobro do meu, comprado a crédito e que vai passar a puta da vida a pagar. Meteu lentes de contacto, fui eu que o convenci. Não ficou bonito por isso, mas melhorou o look e não foi pouco. O gajo devia-me uns favores e aquela era uma boa altura para eu começar a cobrar.
- Vidrinhos, como é? Ainda o pões de pé?
- Se pedires com jeitinho, também to ponho no rabinho.
- Deixa lá isso, que me fazes cócegas. Queria pedir-te um favor, pá, logo à noite tenho de ir doar esperma.
Expliquei-lhe tudo direitinho. Combinámos ir ver o glorioso a um café com pinta, cheio de gajas boas. Comi um bom bife, mamei umas quantas loiras fresquinhas, o Benfas deu uma tareia jeitosa e a seguir deixei o Vidrinhos noutro café, onde ele se ia encontrar com uns amigos e fui à minha vida. Tinha-lhe prometido que entregava o carro com o depósito cheio e sem manchas no banco traseiro e tencionava cumprir pelo menos uma."
Acabei a porra das limpezas, tomei um duche e liguei ao Vidrinhos. Precisava de um carro. Prometi a mim mesmo que não mentiria ao gajo. Se ele perguntasse, diria a verdade, mas se ele não o fizesse, o problema não era meu. É claro que eu contava que ele não perguntasse, ninguém pergunta este tipo de merdas. Carta de condução é uma mera burocracia. Conduzo bem melhor do que muita gente que a tem, isso é que verdadeiramente deveria contar, certo?
O Vidrinhos é um gajo porreiro, um tipo às direitas, benfiquista doente. Parece um pau de virar tripas, de tão magrinho e alto. Tem uma penca enorme, dentes tortos e usava uns óculos com umas lentes tão grossas que noutra vida foram o gargalo de uma garrafa de vinho tinto. Tirando isso, safa-se. Conhecera-o há uns meses, numa noite de bebedeira e, na altura da Xana, andava a ajudá-lo com o mulherio. Ele tem um desses empregos em que se morre devagarinho: banca, seguros ou uma bosta parecida. Quando saímos, ainda hoje, é sempre ele a pagar a primeira rodada. E a segunda, grande parte das vezes. Vive sozinho, num apartamento nos Anjos que é o dobro do meu, comprado a crédito e que vai passar a puta da vida a pagar. Meteu lentes de contacto, fui eu que o convenci. Não ficou bonito por isso, mas melhorou o look e não foi pouco. O gajo devia-me uns favores e aquela era uma boa altura para eu começar a cobrar.
- Vidrinhos, como é? Ainda o pões de pé?
- Se pedires com jeitinho, também to ponho no rabinho.
- Deixa lá isso, que me fazes cócegas. Queria pedir-te um favor, pá, logo à noite tenho de ir doar esperma.
Expliquei-lhe tudo direitinho. Combinámos ir ver o glorioso a um café com pinta, cheio de gajas boas. Comi um bom bife, mamei umas quantas loiras fresquinhas, o Benfas deu uma tareia jeitosa e a seguir deixei o Vidrinhos noutro café, onde ele se ia encontrar com uns amigos e fui à minha vida. Tinha-lhe prometido que entregava o carro com o depósito cheio e sem manchas no banco traseiro e tencionava cumprir pelo menos uma."
Clítoris: lambidela 1
"Quando se pensa em gajas, só pode haver um objectivo, certo? Errado. Também se pensa em gajas na nobre arte da masturbação. Não é só meter a mão no Onofre e iniciar o esfreganço, não é assim que as coisas se passam. Uma boa masturbação anda de mão dada, em todos os sentidos, com a mais requintada imaginação. Há as punhetas românticas, as platónicas, as javardas, as promíscuas, há para todos os gostos. Cada um sabe de si e deus há de saber das punheta...s de todos, o que não é lá muito reconfortante.
Antes de mais, sinto que devo falar no Onofre. O Onofre é o meu coiso. Um pénis bonito. Mesmo muito bonito. Daqueles que lhes dá vontade de meter na boca e esfregar nas mamas. Quinze centímetros cheios de matreirice e boa vontade. Um pénis tamanho de senhora, dos que calçam sempre bem. À volta dele foi crescendo um menino com carinha laroca, pinta de reguila e sorriso fácil. Nem alto, nem baixo, magro mas com músculos, barba de três dias, excepto em dias de minetar, uns lábios bem definidos e um cabelo escadeado, a atirar para o comprido. Aqui tendes o gingão de serviço. Desde puto que me dizem que só penso em gajas. “Zé Tó, os teus neurónios só sintonizam bajaina!” (prefiro em inglês, soa mais sexy). “Estão sempre ON nas ratas e OFF para tudo o resto”. Por causa disso, a minha alcunha foi on/off durante uns tempos, até que aos poucos o on/off deu lugar a Onofre."
Antes de mais, sinto que devo falar no Onofre. O Onofre é o meu coiso. Um pénis bonito. Mesmo muito bonito. Daqueles que lhes dá vontade de meter na boca e esfregar nas mamas. Quinze centímetros cheios de matreirice e boa vontade. Um pénis tamanho de senhora, dos que calçam sempre bem. À volta dele foi crescendo um menino com carinha laroca, pinta de reguila e sorriso fácil. Nem alto, nem baixo, magro mas com músculos, barba de três dias, excepto em dias de minetar, uns lábios bem definidos e um cabelo escadeado, a atirar para o comprido. Aqui tendes o gingão de serviço. Desde puto que me dizem que só penso em gajas. “Zé Tó, os teus neurónios só sintonizam bajaina!” (prefiro em inglês, soa mais sexy). “Estão sempre ON nas ratas e OFF para tudo o resto”. Por causa disso, a minha alcunha foi on/off durante uns tempos, até que aos poucos o on/off deu lugar a Onofre."
Clítoris
Meninos e meninas, venho aqui confessar-vos que rabisquei um "romance", vagamente autobiográfico, a que dei o bonito nome de "Clítoris". Vou deixar aqui uns bocados, para me darem a vossa opinião sincera ou mentirem descaradamente, tanto faz, desde que sejam elogios. Posso contar convosco? O primeiro parágrafo reza assim:
"Um tipo começa a pensar em gajas aos 12 anos e, se tiver alguma sorte, deixa de o fazer lá pelos 80. Deve deprimir pensar em gajas depois dos 80, provavelmente fica-se a cismar naquilo, não pode vir daí nada de bom. Levo mais de década e meia a pensar em gajas e, deus nosso senhor me dê saúde, não irei parar tão cedo."
"Um tipo começa a pensar em gajas aos 12 anos e, se tiver alguma sorte, deixa de o fazer lá pelos 80. Deve deprimir pensar em gajas depois dos 80, provavelmente fica-se a cismar naquilo, não pode vir daí nada de bom. Levo mais de década e meia a pensar em gajas e, deus nosso senhor me dê saúde, não irei parar tão cedo."
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