"Pouco passava do meio-dia quando acordei. Olhei pela janela, estava um bonito dia de sol. Decidi que tinha direito a um almoço a sério. Tinha o carro do Vidrinhos à disposição, só me restava fazer um telefonema. Procurei o telemóvel e marquei o número.
- Como está a mãe mais maravilhosa do mundo?
- Queres vir cá almoçar, não é, meu mariola? Mexe esse rabo, para não ficarmos todos à tua espera. A tua irmã também vem....
Preparei um Martini para abrir o apetite e meti-me no duche. Vesti-me com o esmero possível, bebi outro para o caminho e dirigi-me para a ponte 25 de Abril. Margem sul, aposto que já morrias de saudades minhas.
Bacalhau no forno com batatas a murro. Sempre fui um gajo de feelings e acertara em cheio. A única chatice era ter de falar com as pessoas. Mal tinha dado a primeira garfada, já o velhote me perguntava de quem era o carro estacionado lá fora. Decidi provocar a plateia:
- É da minha namorada.
- Deve ser muito inconsciente, para to emprestar. Ou isso ou feia que nem um bode.
Ah, o meu querido papá! Sempre a espalhar amor e carinho, o senhor Alfredo. Um tipo baixote, careca, barriga que é um pipo de cerveja, unha do dedo mindinho enorme, sempre com aquelas horríveis camisas aos quadradinhos e a barba feita na perfeição. O rei do sarcasmo. O senhor implicativo, não perde uma oportunidade de deixar bem claro que naquela família sou eu a ovelha negra. Bom, não tinha nada a perder em responder-lhe à letra, pois não?
- Já pinámos mais em duas semanas que tu em todo o século XXI, velhote."
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