quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Clítoris: lambidela 16

"O telemóvel dela deve ter tocado umas três ou quatro vezes, sem que ela tenha feito a mínima intenção de atender. Num raro lapso de sobriedade, decidi ser boa ideia apressar a coisa e vir-me o quanto antes. Se bem o pensei, melhor o fiz, virei-a de costas e liguei o turbo. Tive um orgasmo tão intenso que, se naquele momento aparecesse no quarto um preto enorme com uma faca nos dentes, tinha a certeza que lhe sorriria e lhe dizia: tudo bem, amizade, ...mais feliz que isto não poderia morrer!
A Fátima percebeu a minha inquietação e gozou comigo:
- Deu-te os nervos, Zé Tó, tinhas os tomates cheios?
- Fiquei a pensar que era o teu namorado que te estava sempre a ligar e sabes que odeio sangue, em especial se for o meu.
Contou-me tudo, embora eu já desconfiasse. A Fátima tinha dado em puta por conta própria. Anúncio no jornal e lá estava ela, os dias fechada em casa, a abrir a perninha a quem aparecesse e pagasse. Eu tinha sido uma borla e, pelos vistos, estava a impedi-la de ganhar dinheiro. Bom, já tínhamos fodido e eu estava a ficar sóbrio com aquela conversa toda. Perguntei-lhe se tinha mais alguma coisa para além de cerveja. Tinha gin, mas não tinha água tónica. Preparei dois copos de gin com muito gelo. Aquilo só me podia fazer bem. Sentámo-nos no sofá, falámos sobre o significado da vida e outras coisas profundas, como a sua tabela de preços e os planos que tinha para o futuro. Fiz menção de me ir embora, mas ela reteve-me. Disse que tinha sido um enorme prazer rever-me, que em tempos fora obsessivamente apaixonada por mim (eu nunca sequer desconfiei), que eu não mudara nada, que a fazia sentir-se viva. Pediu-me para a vir visitar sempre que me apetecesse. Teria sempre uma pachacha à sua disposição e a sua dona pronta para ouvir tudo o que eu quisesse desabafar desta vida de merda. Quase me comovi. Para demonstrar que estava a falar a sério, brincou com o Onofre, tal e qual uma menina pequenina, acabando a chupá-lo com a competência de uma verdadeira profissional do broche. Quis enfiá-lo outra vez naquela bajaina tão hospitaleira, mas ela fez-me sinal que não, precisava de a descansar para o que desse e viesse.
Despedimo-nos com outros dois beijinhos na cara e um abraço apertado. Fiquei com a impressão que a Fátima nos considerava bons amigos. Eu era bem-vindo ali, aquele apartamento estava à minha disposição, tinha ali uma queca grátis, sempre que sentisse necessitar de uma. Voltei para casa, com a minha fé na humanidade um pouco mais restaurada."


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