"A minha “menina”, uma quarentona bem aviada, chamava-se Paula. Médica de clínica geral, divorciada recente, um filho com idade para andar a fumar charros e a comer bifes tenrinhos. Era baixinha e roliça, mamas grandes, sem serem enormes, pele muito morena, tinha o seu chamego, como dizem os brazucas. Era dona de um olhar guloso, que parecia estar sempre a querer tirar-me a roupa. Completava o conjunto um cabelo negro, encaracolado pelos ombros, muito bem cuidado, dois pequenos sinais, um em cada maça do rosto e uns dentes muito certinhos e demasiado brancos para não terem sido alvo de tratamento. Sempre que me olhava e sorria, eu imaginava-a a imaginar-nos a rebolar um no outro.
Andámos uns dias a trocar mensagens. Perguntei ao Pedrito pela boazona, mas ela não voltou a dar sinal de vida. Há gajos totós, mas outros são doutorados na área. Portanto, era só eu e a Paula na jogada. Perguntou-me se queria ir com ela ver uma peça de teatro. É claro que eu disse que sim. Era a meio da semana, uma quarta-feira, se me lembro bem. Encontrei-me com ela à porta. Aquilo começou às nove da noite, quinze minutos depois eu estava a sofrer tanto com aquela merda de peça e já só pensava que, pela lei das compensações, ela devia ser um mimo a chupar. Aguentei-me à bronca e, para minha grande surpresa e ainda maior alívio, aquilo durou uma hora certinha, às dez da noite pirámo-nos dali. Fomos directos a casa dela, um apartamento no intendente, decorado com bom gosto. Indicou-me a sala e disse para estar à vontade. Sentei-me no sofá e fiquei à espera dos desenvolvimentos. Ela abriu uma garrafa de um bom tinto e juntou-lhe dois queijos, azeitonas e batatas fritas. Foder, mas com classe, era a ideia da coisa, ou pelo menos assim me parecia. Alinhei naquilo. Ficámos ali a beber o vinho e a petiscar, sem pressas. A Paula vivia sozinha e já se habituara a isso. O filho estudava em Coimbra, era caloiro no universidade e só vinha a casa aos fins-de-semana. Fiquei a pensar que idade ela teria, ocorreu-me que eu era somente uns quatro ou cinco anos mais velho que o filho dela. Aquilo deu-me uma tesão mental fantástica. Passei-lhe a mão pela coxa, devagar, brindámos aos bons momentos da vida e ficámos na marmelada. Pelo meio, ela ia-me fazendo falar. Sempre sem qualquer pressa. Fui inventando umas e contando outras, mas acabei por lhe dizer onde trabalhava e a zona onde morava. Meio caminho andado para arranjar chatices com uma tipa que só pretendemos comer umas quantas vezes, que ninguém duvide, mas algo naquela quarentona me fez perceber que não teria o que recear. Pelo meio dos amassos e dos beijos, dei-me conta de que ela voltara a encher os copos, e quando pousou a garrafa, esta estava vazia. Quase não tínhamos comido, à parte termos depenicado uns bocados de queijo e umas quantas batatas fritas e azeitonas. Eu começava a sentir-me bêbado e adivinhei que ela com certeza não estaria melhor que eu. Fizemos mais um brinde, eu ainda não tinha acabado de pousar o copo, já ela me desapertava a braguilha. Nem um minuto depois, chupava o Onofre com nota artística. Aquela menina tinha escola e fez com que ficasse bem claro que era uma foda competente e profissional."
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