"Uma manhã decidi meter-me no comboio e ir à praia de carcavelos. Foi um feeling. Acordei e alguma coisa em mim me disse: hoje é o teu dia, Zé Tó.
A praia estava quase deserta. Estendi a toalha, deitei-me nela e dormitei, a sentir aquele sol maravilhoso massajar-me as costas, enquanto me deixava embalar pelo vai e vem das ondas do mar. É preciso muito pouco nesta vida para um gajo ter momentos de suprema felicidade. Quando despertei, olhei em volta e, por um instante, duvidei se não estaria ainda a sonhar. A uns vinte metros de mim, sozinha, sentada numa toalha a colocar protector solar, uma deusa colocada ali de propósito para me desorientar. Alta, um corpo perfeito, a pele branca como só a pele das mulheres do norte da europa consegue ser, um cabelo loiro a cair em caracóis até aos ombros, num dos rostos mais bonitos que eu já vira em toda a minha vida. Uma mulher perfeita. Tão perfeita que optei por quase a ignorar. Uma deusa daquelas não era para o meu bico, fora feita para uma tela de cinema. Fui tomar banho. Quando regressei à toalha, estava ela à beira da água, a molhar o pezinho a medo. Trocámos um breve olhar. Algum tempo depois, já seco, decidi que precisava de uma imperial ou duas, pelo que subi até à esplanada mais próxima. Meia hora depois, lido o jornal desportivo e com as últimas do glorioso no pensamento, paguei e abandonei a esplanada em direcção à toalha. Mal ponho o pé no passadiço de madeira, quem aparece, gelado na mão, dois metros ao meu lado, vinda da esplanada ao lado daquela onde eu estivera? Olhei-a, surpreso com a coincidência e, milagre dos milagres, eis que ela me sorri. Não deixei passar nem meio segundo:
- Hello.
- Hello.
- Are you alone?
- Yes…
- Want some company?
- Yeah, sure, why not?
Tão fácil quanto isto. Tinha-me saído um bilhete premiado na loteria. Juntei a minha toalha à dela, entabulámos uma conversa de circunstância enquanto a via a chupar aquele gelado, a imaginação com o turbo ligado no máximo. Minutos depois ela quis ir dar outro mergulho e eu fui atrás. Tal e qual como nos filmes. Beijei aquela deusa entre mergulhos no atlântico, senti aquele corpo molhado esfregar-se no meu, aquele era o dia mais feliz de toda a minha vida, eu era invencível, sentia-me um James Bond. Saímos da água a dar risadas despreocupadas, ela contando histórias engraçadas de coisas que lhe aconteceram nas férias, eu com uma tesão de metro e meio, que mal consegui disfarçar.
A coisa foi rolando, deixei andar, beijo atrás de beijo, uns amassos audazes pelo meio, nada de jogar deliberadamente ao ataque. Foi ela quem acabou com aquilo:
- Let’s go to my place. We’re more confortable there.
Levantei-me e segui-a, como em transe. Estava bêbado de felicidade. Ainda não tinha percebido bem o que estava a acontecer, já ela chamara um táxi. Quando me apanhei lá dentro, sentado ao lado daquela deusa no banco de trás, enquanto ela ditava uma morada ao taxista, caí em mim: “Zé Tó, este anjo vindo do céu quer que a faças feliz, hoje é o teu dia, meu caro. Aproveita ao máximo e não penses em mais nada”.
O mais nada significava que eu estava num táxi com uma boazona de quem sabia o nome, Imma, adivinhava que não andaria muito para além dos vinte e um e que, a acreditar no que dizia, viajava com outras duas amigas, que decidiram naquela manhã ir antes às compras. Isto bastava, eu olhava para ela, e era claro como água que não precisava de saber mais nada.
O taxista deixou-nos à porta de um prédio com bom aspecto. Aquelas meninas tinham ficado num apartamento que a malta aluga a turistas pela internet. Subimos e fiquei de boca aberta com a pinta que aquilo tinha. O senhorio, fosse lá quem fosse, tinha muito bom gosto e alugar aquilo não devia ter sido barato. Esqueci-me destes considerandos assim que ela colocou os braços à volta do meu pescoço.
Fomo-nos beijando e despindo, tudo com gestos lentos. É um déjà vu desgraçado, mas resulta na perfeição. O Onofre até doía de tão desperto que estava. Decidi ser saloio até ao fim, peguei nela ao colo e levei-a para o quarto que me indicou. Deitei-a de costas na cama, deslizei a língua por aquela maravilha da natureza, desde o pescoço até cá abaixo, à ponta dos pés. Depois subi novamente e parei na pintelheira mais bonita que já tive na boca. Um pequeno e bem aparado tufo de cabelos muito louros, encimavam uns lábios vaginais bem definidos. Aquilo era um prato gourmet a ser degustado com todo o vagar. Aquele corpo de sonho exalava um perfume inebriador, a pele dela era seda, nunca tinha tocado em nada tão suave, de um branco que enternecia o olhar e, obrigado deuses que estais no alto a velar por mim, tinha um toque de sol e mar, que me ia fazendo perder o discernimento. Os minutos em que tive aquele tesouro na boca, fizeram parar o universo, tenho a certeza absoluta disso. Beijei-a, mordisquei-a, lambi-a, dediquei-me àquele clítoris como se dele dependesse a salvação da humanidade. Sentia-a a arfar ao de leve, cada vez com mais intensidade e quis ficar ali o resto dos meus dias, mas algum tempo depois, ouvi a voz dela num sussurro que era ao mesmo tempo uma súplica e uma ordem:
- Put your fingers too…
Percebi que ela se queria vir e que o melhor que eu tinha a fazer era satisfazer-lhe os desejos. Um após outro, sem deixar nunca de brincar com aquele clítoris maroto, enfiei três dedos na gruta do tesouro. Ela arfava cada vez mais e, por fim, desatou numa berraria histérica. Teve um orgasmo de fazer inveja, molhou o lençol todo e eu lambi a mão, como se fosse um miúdo a lamber o seu gelado favorito. Fiquei a olhar para ela, a desejar conseguir vir-me como ela, daquela maneira tão plena e exuberante. Abraçámo-nos, mas eu continuava com um problema por resolver. Fiz com que ela tivesse noção disso, mas ela não deu sinais de ter o meu dilema em grande consideração. Eu comecei a perceber que só ali estava porque ela decidira que queria ser fodida e seria ela a ditar como queria que aquilo acontecesse. É o problema das deusas, estão habituadas a que nós homens, embasbacados com tanta perfeição de pernas, cús e mamas, lhes façamos as vontades todas. Decidi jogar o jogo. Aos poucos, iniciámos nova sessão de beijos e amassos. Mais uma vez, não me apressei. Ela estava a gostar, eu conseguia sentir que eu lhe agradava. Então, sem qualquer aviso, esticou a mão, abriu uma gaveta da mesinha de cabeceira, tirou um preservativo e enfiou-o no Onofre com mestria. Abriu as pernas e conduziu-o até à entrada do paraíso. Fui e vim dentro dela, tentei pensar nos meus antigos patrões, era um velho truque, para conseguir aguentar mais. Aos poucos fui redobrando a intensidade da coisa, cheguei a um ponto em que senti que não ia conseguir parar, ia-me vir dentro daquela deusa fantástica e estragar-lhe o orgasmo. Estava já resignado, quando ela, parecendo que pressentira o que iria acontecer, empurrou-me para fora dela, dizendo:
- Now i wanna go on top.
Montou-me e começou a cavalgar. Foi a minha salvação. O Onofre recuperou fôlego e tinha para mais um bom bocado. Deitado numa almofada, tive a percepção que a visão que eu tinha era a do paraíso. Sim, o paraíso só podia ser aquilo, uma mulher com um corpo perfeito, de uma beleza sem reparos, a arfar em cima de mim, masturbando-se com uma das mãos. Fechei os olhos e agradeci mentalmente a todos os deuses a fortuna que me reservaram naquele dia. Eu sabia que não merecia tanto, ninguém merecia ser assim tão feliz, ainda que por uns minutos. Quando aquele anjo louro desatou em nova berraria descontrolada, eu explodi num orgasmo glorioso, senti ondas de prazer a invadir-me o corpo de alto a baixo, desatei a rir às gargalhadas, era aquilo o nirvana, não podia ser outra coisa, vir-me ao mesmo tempo que uma deusa do amor.
Eu já adivinhara o que se passaria a seguir e estava preparado para o ouvir. Não demorou mais do que o tempo de um ou dois beijos repenicados:
- I guess my friends will arrive any minute. You’d better go now…
A grande puta do caralho. Eu já a topara, sabia que ela me descartaria assim que estivesse satisfeita. Mas o guloso em mim não conseguiu deixar de pensar em como seriam as amigas dela. Vesti-me nas calmas, a assobiar uma musiquinha do Quim Barreiros, enquanto ia deitando o olho, à cata de indícios de que as tais amigas existissem. Por fim, já pronto a sair, engoli o orgulho e tentei a minha sorte:
- Maybe we could see each other again?
- Yeah, I’m going to the beach again tomorrow. See you there, ok?
Dei-lhe um último beijo. Bye Bye, vacôncia. Nenhuma bajaina, por mais perfeita que seja, engana o Zé Tó assim tão facilmente. Se havia um sítio onde a gaja não poria os pés no dia seguinte, era naquela praia."
Sem comentários:
Enviar um comentário