"Eu aprendi o truque há muitos anos: aconteça o que acontecer, nunca largar o Zezé de vista. Se der porrada, é o gajo ideal para ter ao lado. Se der bajaina, idem aspas. Nessa noite, deus seja louvado, deu bajaina. Quando me apercebi, o gajo fazia olhinhos a uma loira de parar o trânsito e tudo o resto que mexa. Ela estava com umas amigas que, embora alegremente bêbado e de bem com a espécie humana, me pareceram logo dois trambolhos. Aproximei-me, ele apresentou-me, num inglês de servente de pedreiro e, trinta segundos de conversa depois, cheirou logo a rata fácil ao Onofre. Fiz por me focar no assunto. A loira era uma brasa, bêbado ou sóbrio. Linda, um sorriso de um gajo se apaixonar em dois segundos e um corpo perfeito, uma pele branca como a neve, que parecia pedir para levar umas nódoas negras com todo o carinho. O único defeito que lhe notei foi aqueles olhinhos a brilhar na direcção do Zezé. Iriam continuar a brilhar noite fora, era só questão de não deixar o gajo falar muito e para isso estava eu ali. Sobravam dois trambolhos, mas eu e o Onofre só contávamos por um. Eram as duas feias, uma delas era baixinha, com umas mamas à maneira, mas um cagueiro que dava para fazer dois ou, com jeitinho, três rabos fantásticos. Puxei pela imaginação e consegui acreditar que ela era menina para todo o tipo de porcarias. A amiga tinha bem mais de um metro e oitenta, tudo nela era pernas e pescoço. Conseguia ser ainda mais feia que a gordinha, não tinha mamas nem rabo, mas o que me fez soar o sinal de alarme, era aquele arzinho de quem não se vem, que me tornei perito em detectar nas pussycats. Ficou claro que eu queria a gordita, mas para a comer, alguém teria de tratar da amiga. Felizmente, a coisa resolveu-se por si mesma, assim que o detector de cona do Lipe começou a apitar por todo o lado. O gajo colou-se a nós todo lampeiro e só tive tempo para lhe dizer:
- Chegaste em último, fodes-te. A gordinha é minha, ficas com a girafa, que é mesmo à tua medida.
- Achas mesmo que queria enfiá-la no cu mcdonalds da tua amiga? Só se estivesse tão bêbado como tu.
A seguir a este acordo de cavalheiros, a coisa correu às mil maravilhas. Elas eram alemãs, seguravam na mão umas enormes canecas de cerveja e, em vez de as beberem, aspiravam-nas. De cada vez que uma delas metia as beiças na caneca, o seu conteúdo como que era sugado para dentro delas. Estava bom de ver onde se ia enfiar a cerveja da gaja que me calhara. Dei comigo a repetir “Olga, Olga, Olga”, dentro da minha cabeça. Já que não ouvia nada do que ela me dizia, o mínimo dos mínimos era decorar-lhe o nome. Volta e meia olhava-lhe para aquelas mamas enormes e ficava a fantasiar que me punha a chupar-lhe os mamilos e eles esguichavam cerveja fresquinha. Ela percebeu os meus olhares gulosos e não me quis fazer esperar muito. Foi-se chegando, qual gata no cio, e não tive outra hipótese que não fosse beijá-la. Ainda os meus lábios iam ao encontro dos dela, naquele nano-segundo que estas coisas levam, já ouvia a voz do André ao longe:
- Não bebas mais, Zé Tó, quanto mais bebes, pior elas ficam.
O certo é que aquele beijo apressou as coisas. O resto da malta perdeu a vontade de beber mais uma rodada e começou finalmente a falar-se em irmos para um local mais calmo. Elas eram umas meninas que sabiam o que queriam, estavam alojadas num apartamento que arranjaram no airbnb. Procurámos um táxi, como éramos seis, eu e a Olga entrámos no primeiro que apareceu e os restantes foram no próximo. Ela nem esperou por chegarmos a casa para se esfregar toda em mim no banco de trás. Quando parámos em frente ao prédio dela, fiquei na dúvida se quem estaria com mais tesão era eu ou o taxista.
Não faço ideia do tempo que os outros demoraram a chegar, mas deve ter sido um bom bocado, porque quando os ouvi a rir na sala, já estava todo nu deitado de costas na cama, pés cruzados, descansado da vida enquanto aquela vaca louca cavalgava em cima de mim e fazia um cagaçal demoníaco. Veio-se uma vez, afrouxou um pouco, deu-me um beijo ou dois, enfiou-me as tetas na boca, quase me sufocando e de seguida, recomeçou com aqueles movimentos de anca. Foi ficando cada vez mais excitada e eu cada vez mais sóbrio. Evitei olhar-lhe no rosto, a cavalgar-me com fúria ficava ainda mais feia. Pus-lhe as mãos naquelas mamas enormes, evoquei na minha mente as boazonas mais recentes da minha colecção e, pela segunda vez naquela noite, fiz tudo para me vir o mais rápido que conseguisse. Por sorte, viemo-nos ao mesmo tempo. Do outro lado da sala, tivemos direito a palmas e a pedidos de encore. Mal ela desmontou, girei para um lado e pus-me de pé. Senti a cabeça a latejar, sabia que se nada fizesse acordaria com uma ressaca medonha e decidi tomar o ben-u-ron que anos de experiência acumulada de bebedeiras me ensinaram a trazer sempre no bolso das calças. Enfiei-me na minúscula casa de banho, bebi água da torneira até a deitar pelos ouvidos e engoli o comprimido. A seguir, dei um beijo dengoso àquela alemã no cio, fixei incrédulo aquele cu de dois lugares no eléctrico e decidi desmaiar de sono na cama, antes que ela tivesse a brilhante ideia de me mandar para casa.
Acordei com o quarto inundado de luz e com os roncos daquela porca deitada a meu lado. A primeira coisa que vi, mal abri os olhos, foi aquele rabo do demónio virado para mim. Senti-me tremendamente deprimido, vesti-me às pressas, tentando não fazer barulho para não acordar o javali e saí do quarto de fininho.
Na sala, tive a ideia de fazer uma revista ao frigorífico, precisava de qualquer coisa que me ajudasse a combater a sede atroz e a ressaca medonha que eu acumulava dentro de mim. Para meu grande espanto, ouvi o claro som de alguém a foder forte e feio. Só podia ser o Zezé, claro. Olhei para o telemóvel, eram quase onze da manhã e aquele filho da puta tinha passado a noite inteira naquela merda com aquela loira de sonho. Apurei o ouvido, de forma inconsciente dei uns passos na direcção do quarto onde provinha aquele som divino de um mulherão a gemer satisfeita. Fiquei ainda mais deprimido, esqueci-me da cozinha e pus-me a andar. Do Lipe, nem sinais. Desejei que se tivesse safado com a girafa, sempre era mais um para ser gozado, é bom dividir os momentos vergonhosos com alguém."
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