quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Clítoris: lambidela 30

"Contei-lhes da vez em que o Vidrinhos desencantou dois bilhetes para o Teatro Nacional D. Maria II, na porra do trabalho dele. O gajo insistiu para que eu fosse com ele e eu disse-lhe que sim, mas na condição de irmos ambos bêbados. Era pegar ou largar. O Vidrinhos pegou. No dia da peça fomos para um café, umas horas antes, dar cabo de um bitoque que empapámos numas tantas imperiais. A seguir tomámos um café com um forte digestivo, receita caseira f...eita aqui pelo menino, fumámos um charro catita, para ficarmos de bem com a vida e lá fomos nós para o Teatro, ver a merda da peça.
Aquilo começou bem, eu sentia a cabeça a flutuar, estava em paz com o mundo. Não estava a perceber nada, mas nem sequer ia fazer o esforço, estava-se bem ali no escuro a ouvir umas vozes vindas do palco. Às tantas o gajo cometeu o erro de olhar para mim, eu senti o olhar, virei a cabeça na direcção dele e desmanchámo-nos a rir. A partir dali foi o caos. Dominámos o riso, com algum esforço, mas já não nos conseguimos abstrair daquilo. Volta e meia um fazia o gesto de olhar para o outro e lá vinha nova dose de riso sufocado. A malta ali à nossa volta dedicou-nos uns olhares reprovadores e um ou outro comentário ofendido. Não tivemos outra solução senão levantarmo-nos, pedir desculpa às pessoas sentadas ao nosso lado e sair de fininho. Ainda tive tempo de lá deixar uma bufa a cheirar a ervas aromáticas. Acabaram-se ali os convites para merdas culturais por parte do Vidrinhos, mas aposto que o gajo nunca se divertiu tanto no teatro."


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